sábado, 21 de março de 2009

Dia Mundial da Poesia

LIMITES
Há uma linha de Verlaine que não mais recordarei,
Há uma rua próxima vedada aos meus passos,
Há um espelho que me viu pela última vez,
Há uma porta que eu fechei até ao fim do mundo.

Entre os livros da minha biblioteca (estou a vê-los)
Algum existirá que já não abrirei.

Este verão farei cinquenta anos;
A morte, incessantemente, vai-me desgastando.



Jorge Luís Borges
in Poemas Escolhidos

quinta-feira, 5 de março de 2009

Penalty



Estava eu, aqui há tempos, a ver a bola descansadinho, quando numa determinada jogada, um jogador comete falta sobre o adversário, ao que o comentador do jogo afirma ter sido uma falta feia.
Ora, como tudo na vida tem o seu oposto, tal como o belo e o horrivel, o quente e o frio, o tudo e o nada, resumidamente, o Yin Yang (em que eu acredito veemente), então deduzo com isto que também existem faltas bonitas.
Decidi de imediato elaborar uma simulação de um comentário de um possivel jogo de futebol com possiveis faltas bonitas...
E passo então a simular um jogo imaginário entre as equipas Vermelho Directo FC vs Desportivo do Fomos Roubados SAD.


"Massimiliano Blessi tem a bola em sua posse e progride velozmente pelo meio campo.
Passa por Venceslau Piteira e entrega para a esquerda, onde se encontra Augusto Celorico isolado!
Celorico faz o cruzamento para a áááááárea e É Falta!
PENALTY!
O defesa do Fomos Roubados comete uma falta lindíssa em plena área sobre Blessi, e é assinalada a cobrança do castigo máximo.
Na tentativa do corte, o defesa da equipa visitante entra sobre Blessi (sempre ele) de pés juntos e faz uma falta linda de morrer.
Aquilo a que o português gosta de chamar uma falta toda boa.
Não podem condenar o jogador da casa por se ter feito á falta, porque a uma falta daquelas até eu me fazia.
Casava-me com ela!
Aquela falta levava-me ao altar!
E termina assim o encontro com o resultado final a favorecer o Vermelho Directo FC, que se mantém assim na luta acesa pelo último lugar.
É tudo da nossa parte, resta-nos desejar-vos a continuação de uma boa noite e até para a semana, á mesma hora, com o encontro Borussia do Montes de lá de Baixo contra o Borussia do Outro Mundo. Jogo a contar para a taça da liga...ou de outra de outra taça qualquer, ou do campeonato."
´
P.S: os nomes de algumas equipas e de alguns jogadores deste encontro foram retirados do jogo Hattrick.

quarta-feira, 4 de março de 2009

Estado desconhecido

A sala é grande e amenamente escura. Apenas a luz laranja dos candeeiros da rua penetram pelos vidros, mostrando as silhuetas dos objectos que permanecem dentro das quatro paredes.
Em cima da mesa de jantar encontra-se um monte de roupa impecavelmente engomada, uma mala de senhora e um faqueiro. Quatro grandes vasos de barro com plantas idênticas, enfeitam o redor de um grande plasma. Os cortinados têm padrões de folhas azuladas, que condizem com a côr das carpetes e almofadas dos sofás. A galeria, também azul, têm nas suas pontas dois pavões e duas borboletas. As paredes são de um tom branco amarelado, preenchidas com grandes cinco quadros feitos de areia e de origem africana. Retratam mulheres negras com catanas, alguidares na cabeça, crianças enroladas ás costas e os típicos mercados de abastecimento. Junto do móvel das bebidas está um carrinho de bebé, com um peluche panda, tapado com uma pequena manta cor-de-rosa. Ao lado, está um pequeno sofá preto com um cobertor de criança, que serve de descanso para um pequeno cão branco que ali se encontra deitado e num sono profundo. Na pequena mesa estão três comandos, um prato com três ovos feitos de uma pedra, um grande cinzeiro de vidro verde, cheio de beatas e um maço de cigarros vazio.
Os estoures abanam violentamente, os vidros estremecem e a porta da sala fecha-se. O cão levanta a cabeça, olha na direcção da janela, rosna e mantêm-se imóvel durante alguns segundos. Acaba por ignorar o barulho do vento e enrosca-se. O vento cala-se deixando a sala morbidamente silenciosa.
Em cima do grande sofá preto de três lugares encontra-se um telemóvel. Anuncia com um simples toque, uma mensagem.
"Estás viva?"
Estarei?

Mãos frias, cú quente, furúnculo para sempre

Tenho de concordar com o 13 dado que, a inflamação circunscrita de origem estafilocócica, em torno de uma glândula sebácea e de um pêlo, e que termina habitualmente por supuração, é extremamente desagradável!

terça-feira, 3 de março de 2009

Ass Eye Am

Pois é.
Sou eu mesmo que escrevo e foi a mim mesmo que voltou a aparecer uma borbulha no olho do cú.
Acho ridículo o facto de o corpo humano ser algo de tão complexo e fascinante que, aquando da presença de uma borbulha ou de um frunculo (e não são hemorróidas porque também já as tive), no olho do cú, ao tossir, dói-me o olho do cú; se espirro dói-me o olho do cú; ao baixar-me e levantar-me dói-me o olho do cú.
Fico com baixo astral se me dói o olho do cú.
Juro-vos que sempre associei tamanha influência geral do corpo humano ao cérebro e não ao já tão irritantemente repetido olho do cú.
Quando realmente me deveria doer o olho do cú, e aí sim, com toda a lógica, é quando vou defecar.
Mas aí já não.
Porque aí já são umas dores do caralho!

Hate o'Clock

Isto não é um O.E (ódio de estimação) porque não é um ódio de que adoro detestar.
O ódio pontual é aquele que chega ao trabalho antes de ti e te deixa desconfortável quando tu ainda apenas te levantaste mal humorado da cama.
É aquele que já odeias sem o confrontares, mas sabes que mesmo que te atrases para onde ou o que quer que seja, já "ele" está presente a comer-te a paciência e o ânimo como que células mortas que nem chegam a ser renovadas.
O ódio pontual pode aparecer em várias formas, como por exemplo: pessoas, músicas, bandas, estilos, modas etc.
O ódio pontual que aqui venho referir em particular é...melhor não dizer.
Porque se a minha gerente imagina que estou a dedicar-lhe um texto online para todos lerem e saberem de que se trata de uma pessoa odiosa como ela (aliás é ela mesmo), então aí poderia muito bem acusar-me de difamação ou até mesmo quem sabe, apaixonar-se por mim.
Por isso vou manter a pessoa em causa (a minha gerente) no anonimato.
E não é por ser chefe, porque o que acontece muitas vezes é sentirmos o já conceituado O.E pelos nossos chefes...mas é o papel deles.
Agora neste caso, digamos que é uma existência que me perturba ao ponto de transfigurar o meu estado de espírito no quotidiano do dia-a-dia.
Há algum fetiche em ser-se mau?
O bem de uns depende assim tanto do mal de outros?