sábado, 8 de dezembro de 2012

O que não digo


Álvaro de Campos
 
Se te Queres
 
    Se te queres matar, por que não te queres matar?
    Ah, aproveita! que eu, que tanto amo a morte e a vida,
    Se ousasse matar-me, também me mataria...
    Ah, se ousares, ousa!
    De que te serve o quadro sucessivo das imagens externas
    A que chamamos o mundo?
    A cinematografia das horas representadas
    Por atores de convenções e poses determinadas,
    O circo policromo do nosso dinamismo sem fím?
    De que te serve o teu mundo interior que desconheces?
    Talvez, matando-te, o conheças finalmente...
    Talvez, acabando, comeces...
    E, de qualquer forma, se te cansa seres,
    Ah, cansa-te nobremente,
    E não cantes, como eu, a vida por bebedeira,
    Não saúdes como eu a morte em literatura!    Fazes falta? Ó sombra fútil chamada gente!
    Ninguém faz falta; não fazes falta a ninguém...
    Sem ti correrá tudo sem ti.
    Talvez seja pior para outros existires que matares-te...
    Talvez peses mais durando, que deixando de durar...
    A mágoa dos outros?... Tens remorso adiantado
    De que te chorem?
    Descansa: pouco te chorarão...
    O impulso vital apaga as lágrimas pouco a pouco,
    Quando não são de coisas nossas,
    Quando são do que acontece aos outros, sobretudo a morte,
    Porque é coisa depois da qual nada acontece aos outros...
    Primeiro é a angústia, a surpresa da vinda
    Do mistério e da falta da tua vida falada...
    Depois o horror do caixão visível e material,
    E os homens de preto que exercem a profissão de estar ali.
    Depois a família a velar, inconsolável e contando anedotas,
    Lamentando a pena de teres morrido,
    E tu mera causa ocasional daquela carpidação,
    Tu verdadeiramente morto, muito mais morto que calculas...
    Muito mais morto aqui que calculas,
    Mesmo que estejas muito mais vivo além...
    Depois a trágica retirada para o jazigo ou a cova,
    E depois o princípio da morte da tua memória.
    Há primeiro em todos um alívio
    Da tragédia um pouco maçadora de teres morrido...
    Depois a conversa aligeira-se quotidianamente,
    E a vida de todos os dias retoma o seu dia...
    Depois, lentamente esqueceste.
    Só és lembrado em duas datas, aniversariamente:
    Quando faz anos que nasceste, quando faz anos que morreste.
    Mais nada, mais nada, absolutamente mais nada.
    Duas vezes no ano pensam em ti.
    Duas vezes no ano suspiram por ti os que te amaram,
    E uma ou outra vez suspiram se por acaso se fala em ti.
    Encara-te a frio, e encara a frio o que somos...
    Se queres matar-te, mata-te...
    Não tenhas escrúpulos morais, receios de inteligência! ...
    Que escrúpulos ou receios tem a mecânica da vida?
    Que escrúpulos químicos tem o impulso que gera
    As seivas, e a circulação do sangue, e o amor?
    Que memória dos outros tem o ritmo alegre da vida?
    Ah,  pobre vaidade de carne e osso chamada homem.
    Não vês que não tens importância absolutamente nenhuma?
    És importante para ti, porque é a ti que te sentes. 
    És tudo para ti, porque para ti és o universo,
    E o próprio universo e os outros
    Satélites da tua subjetividade objetiva.
    És importante para ti porque só tu és importante para ti.  
    E se és assim, ó mito, não serão os outros assim?  
    Tens, como Hamlet, o pavor do desconhecido?
    Mas o que é conhecido?  O que é que tu conheces,
    Para que chames desconhecido a qualquer coisa em especial?
    Tens, como Falstaff, o amor gorduroso da vida?
    Se assim a amas materialmente, ama-a ainda mais materialmente,
    Torna-te parte carnal da terra e das coisas!
    Dispersa-te, sistema físico-químico
    De células noturnamente conscientes
    Pela noturna consciência da inconsciência dos corpos,
    Pelo grande cobertor não-cobrindo-nada das aparências,
    Pela relva e a erva da proliferação dos seres,
    Pela névoa atômica das coisas,
    Pelas paredes turbihonantes
    Do vácuo dinâmico do mundo...

terça-feira, 29 de maio de 2012

La La La...



... La La La!

sábado, 4 de fevereiro de 2012

O meu pijama

Gosto muito do meu pijama. O meu pijama é muito bonito e quentinho. O meu pijama é verde mas não faz mal porque é quentinho. O meu pijama só custou 7,5 euros e foi comprado na feira da Brandoa a um cigano. Gosto muito do meu pijama. Nunca tinha tido um pijama mas gosto muito deste pijama porque é bonito e quentinho. Epá....Gosto!

Mafiosos somos nós

Máfia? Mas qual máfia? Os sicilianos tiveram, no final do século XIX, uma organização secreta, organização essa que foi liderada por proeminentes criminosos de seu nome Don Carlone (não confundir com a personagem fictícia criada por Mario Puzo, Don Corleone) Don Vito Genovese, Don Bernardo Provenzano, entre outros "Don´s", que tinham em comum serem maus como as cobras, verdadeiros "mafiosi", reputação essa que lhes grangeou respeito e medo por esse mundo fora. Tangas, digo eu! Essa organização começou apenas no "final do século XIX"... Nós, cidadãos portugueses, desde o século XII que temos os nossos "Don´s", o Don Afonso Henriques, o Don João V, o Don Manuel I, entre outros que também eram maus como as cobras e matavam mouros como se fossem amigos do George W. Bush! Portanto, caros congeneres terráqueos....Mafiosos somos nós! Tende cuidado e aprimorai vosso comportamento relativamente á nossa organização "Portugal" pois qualquer dia acordais com uma farinheira ou uma morcela ao lado da almofada com a qual dormis.