sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

A Sombra


Ficarias incrédulo se não visses o que desapareceu.
Deixavas para trás o que por detrás de ti ficou.
Foi no exacto momento de um x-acto dormente em que a voz se calou.
E as sombras são
a assombração que se esconde onde as sombras estão...

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Linda Martini - Amor Combate



Eu quero estar lá
Quando tu tiveres de olhar para trás.
Sempre quero ouvir
Aquilo que guardaste para dizer no fim.

Eu não te posso dar
Aquilo que nunca tive de ti,
Mas não te vou negar a visita às ruínas que deixaste
em mim.

Se o nosso amor é um combate,
Então que ganhe a melhor parte.

Se o nosso amor é um combate, o nosso amor é um combae, o nosso amor é um combate...

O chão que pisas sou eu.
O nosso amor morreu quem o matou fui eu.
O chão que pisas sou eu.

sábado, 6 de fevereiro de 2010

O Cigarro

Mais um cigarro...
E um cigarro a mais é um dia a menos e um dia a mais é um cigarro a menos e menos um dia e mais uma noite e mais uma beata que fica e o fumo que se desvanece no ar.

O Tédio III

"Perdoamos com facilidade àqueles que nos aborrecem, mas não conseguimos perdoar àqueles a quem aborrecemos"

"Quase todos os homens vivem inconscientemente no tédio. O tédio é o fundo da vida, foi o tédio que inventou os jogos, as distracções, os romances e o amor."

"Se os macacos chegassem a experimentar tédio, poderiam tornar-se gente."

"O segredo para não ter tédio, é ter ideias."

Nada

Cuspo as palavras que não consigo dizer.
Ejeculo o prazer que não consigo sentir.
Creio na dúvida do deus que não tenho.
Transpiro o calor que não posso suar.
Quem sou?
O que sou?
O que tenho que mais falta me faz?
O que me falta para ser incompleto?
Sou tudo aquilo que nunca fiz por mim.
Sou o princípio sem fim.
Sou a espera e a demora.
Sou o antes e o agora.
Sou o Vazio.
Sou a água que secou de um rio.
Sou a nascente da rua.
Sou a vertigem da Lua.

O Sonho II

Acorda depressa que o sonho está a acabar.
Levanta-te! Desperta! Lava a cara que te suja o amanhecer!
O sonho terminou.
Nada há a fazer.
Não és tu que pensas. És tu que sentes.
Sou só eu que vomito as minhas ideias dormentes.
Hoje e amanhã são pequenas realidades que sonho acordado na mentira das verdades.
Quero saber que já não sei o que fazer.
Quero desistir do futuro escondido num quarto escuro.
E a cinza protege-me.
E o fumo aquece-me.
E o vento aborrece-me.
E o barulho...o barulho...são só ruídos.
Ruídos barulhentos como gemidos.

O Tédio II

Ontem parece que foi ontem mas hoje estou preso no presente.
Prisão presente no ventre da prisão de ventre para sempre.
Cólicas e espasmos temporais.
Agonias e afrontamentos frontais.
Diagonais paralelas. Dias iguais divididos em sequelas.
O imaginário escreve as palavras que não se pensam.
Os textos lêem as frases que não se escrevem.
O abstracto é exacto.
O tédio é o remédio.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

O acidente

Adivinha quem caiu de costas e bateu de frente com a alma no asfalto.
Adivinha quem foi que gritou mais alto.
Adivinha quem foi.
Foi um acidente.
Tinha lá gente mas não havia ninguém.
O acidente matou a vida de alguém.