sexta-feira, 26 de agosto de 2011

A conivência com a malvadez… ou a verdade descabida

Chega a uma altura da vida que deparamos que, os outros com quem partilhamos a nossa casa, aqueles que são os nossos progenitores, acabam por sucumbir às doenças sociais típicas dos corpos que vão envelhecendo com o passar dos anos. São pequenas amostras quotidianas, diminutos detalhes, como esquecimentos ou outros tipos de falhas que tornam-se mais frequentes há medida que a vida avança no suposto decorrer da mesma.
Assim sendo, e não são os (meus) progenitores diferentes dos restantes mortais que com o passar dos anos se tornam mais esquecidos, velhos e por sua vez mais obcecados com ideias mirabolantes derivadas das suas engenharias mentais difusas, todos os dias nasce uma teoria da conspiração – obviamente que fazes parte dela! Tu porque tens o desejo crescente de fazeres da tua mãe uma louca, e nisto metem a tua cadela ao barulho porque está conivente contigo e nos teus planos de endoideceres a senhora que te pariu e que te alimentou com o seu pouco leite até aos teus dois meses de idade. Não tiveste mais leite materno porque o mesmo secou. Claro, tu és a culpada do leite ter secado. Tu que com dois meses nem palras, nem tens movimentos conscientes, já és um ser vingativo e maldoso (e estúpido, acrescento eu, por perdi a minha fonte de alimentação neste meu processo diabólico infantil).
A tua cadela ganhou-te o gosto em dificultar a vida à tua progenitora, e por isso rouba-lhe os sapatos e come-lhe a comida que a tua mãe deixa de forma acessível a que qualquer cão possa subir a uma mesa e comer num abrir e fechar de olhos.
Durante bastante anos tentei explicar que o comportamento do animal é exactamente esse, um comportamento animal. A comida encontra-se de fácil acesso e como o odor é apelativo, o cão como qualquer cão que lhe cheira algo que gosta, come. E terminava sempre com a estúpida piada daquela senhora que colocou o açúcar na lata do feijão para enganar as formigas.
Com o passar dos anos também fui aprendendo a não desperdiçar o meu latim e a ignorar todas as fatalidades dos quais era claramente responsável, aos olhos da matriarca. Passei então ao nível seguinte: ignora e ri. Diz que sim, que és a culpada, que é óbvio que ainda consegues ser mais maquiavélica que a personagem má da novela que passa na TVI (e que a tua mãe não perde um episódio) e ainda acrescento que esses planos são peanuts! “mãe, eu sou muito pior que isso! Ahahah”
E o senso comum passado de gerações com o arregalar dos olhos dos teus familiares, adverte que nunca te deves rir na cara de um louco que vive no seu mundo de insanidade, especialmente se ele for o teu ascendente directo. Apenas farás isso se o desejares irritar. Mas o cenário que deparas é tão deplorável mentalmente que o doente mental és tu ao veres a verdade à tua frente e pior, quando reflectes a loucura dos actos através dos teus espontâneos risos.

E viva aos meus sinceros risos, aos meus momentos loucos onde vomito a conspiração com inspiração sem fazer-me azia!

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