segunda-feira, 12 de julho de 2010

Despertar Temperado com Limões

Segunda-feira.
Para muitos, o início de uma semana de trabalho. Para outros, a semana começa a qualquer dia, e o descanso semanal calha sempre fora do normal Sábado e Domingo. Pertenço a essa classe trabalhadora, onde a regularidade de combinar saídas a um Sábado e dormir até ás 16 horas de Domingo...bem, isso pode acontecer, quando se está de férias.
Atendendo à rotatividade de horários e dias de trabalho, a probabilidade de se estar simpático numa Segunda quando já se está a trabalhar à 5 dias, é muito reduzida. Mas existe sempre excepções. Há dias que acordamos bem dispostos. Ou porque está sol, ou porque conseguimos respirar e andar confortavelmente no autocarro sem sermos pisados, ou porque chegámos cedo e temos tempo de tomar o pequeno almoço, ou porque sacámos o último álbum de Morcheeba e estamos em "chill out mood". Um rol de factores que podem aliviar o síndrome de "porra, mais uma semana".
Ao invés da maioria das pessoas, hoje a minha face mostra sinais de simpatia moderada. Presumo que aos olhos dos outros não seja bem aceite, como pude comprovar quando liguei para o serviço de estafetagem do trabalho. A rapariga mal se ouvia, respondia monossilabicamente às perguntas que lhe colocava e não alterava o tom de voz, mesmo quando lhe pedi para falar um pouco mais alto porque estava com muita dificuldade em ouvir o som articulado das suas palavras. E no meio disto, desliga o telefone ficando eu na dúvida se a chamada tinha caído ou se ela se tinha enganado, pois pareceu-me dizer "aguarde". Volto a contactar. A mesma pessoa atende o telefone com a mesma voz dentro do poço, abafada com um casaco na boca. Em tom de brincadeira digo que realmente a chamada deve ter caído e se o meu pedido ficou então registado. Claro que ficou, aliás ela disse-me, eu é que não ouvi.
Disse? Para dentro, foi? pensei. Claro que tinha dito e despediu-se com um bom dia. Realmente ela disse, eu é que não tinha ouvido e o mais estúpido é que ela continuava a repetir que tinha o feito, dando a entender nas entrelinhas que não era mal educada e não gostou da observação que lhe fiz, sentindo-se ofendida. Só faltava dizer-me que devesse comprar um aparelho auditivo. E claro, a minha boa disposição azedou um bocadinho e respondi que finalmente tinha ouvido tudo o que tinha dito, pois a senhora fez um esforço para elevar a sua voz, deixando nas entrelinhas que se ela fala assim, imperceptível para todas as pessoas, então não será um problema de surdez da minha parte mas sim um problema de elevação de voz da parte dela e problemas desses género levam ao chamado efeito Larson, mais popularmente, feedback de áudio que se pode traduzir em má informação e irritações espontâneas. E simpaticamente despeço-me com a continuação de um bom dia e uma boa semana.

Não é uma situação para as "crónicas populares" mas bem que lhe assenta o ditado, "Estás mal? Come uma isca!"

5 comentários:

virgem disse...

até temos de compreender a senhora.. tem um emprego de merda (call center) e apercebe-se da sua vidinha inconsequente quando, depois de um fim de semana no qual passou sozinha a ver telenovelas da TVI a comer gelados do LIDL com o Lúlú como sua única companhia, chega á segunda feira e ouve do outro lado uma voz relativamente bem disposta e de bem com ela própria e com os outros que a rodeiam!
Vidas!

13 disse...

Era uma carga de porrada que animava logo.
Remédio santo. Trigo limpo, farinha amparo

virgem disse...

concordo. é com porrada que se resolve a falta de argumentação!

13 disse...

Pois.
Uma carga de porrada bem dada é que era

Tweezers disse...

Lá estão vocês a atirarem postas de pescadas.