domingo, 6 de julho de 2008

Surrealismos Insólitos

“Tudo me enjoa, tudo me irrita!” Grita o (meu) Manuel através das colunas do meu rádio antigo.
Mas não é totalmente verdade. Existe sim, coisas que me enjoam e que me irritam mas até que elas provoquem o exaltamento dos meus nervos, a minha paciência tem de primeiro sobrepujar os limites dos limites e transpor a red line.
Intitulo-me uma pessoa calma e tento não ferver em pouca água. Faço os chamados exercícios de relaxamento que tentei aprender nas aulas de Yoga, mas vejo que não têm tido sucesso, pelo menos para mim. Talvez a professora que eu tinha não fosse das melhores. Deveria era ter continuado nas aulas de Body Kombat. Ao menos gritava e dava murros nos gigantes braços do instrutor que era um calmeirão, do que ouvir Zen Garden e descobrir os chakras que devo ter, não sei onde e que provavelmente devem estar bloqueados pelo excesso de nicotina.
Nunca consegui relaxar nessas aulas. Minto, podemos afirmar que dormir é relaxar…Ora, então relaxei sempre! Antes da suposta sesta fazíamos exercícios de respiração acompanhados por movimentos circulatórios de braços e posturas pouco confortáveis onde pés, mãos, pernas e costas rodopiavam e com isso acabávamos numa figura de estátua, retirada de um livro de escultores de arte moderna, seguidos de suspiros que mais pareciam gemidos de filmes pornográficos.
No final, era pedido que nos deitássemos confortavelmente de barriga para cima. Ao som da relaxante música com fundos de gotas de água, a professora com uma vozinha estridente começava por nos contar uma história. “Imaginem uma nuvem branca que se dissipa no céu…” Nessa altura dávamos asas ao nosso imaginário versão Zen Power, aproximadamente durante 15 minutos.
Recordo, como se fosse ontem, que a nuvem branca que se dissipou no céu transformou-se num grande algodão doce que crescia vertiginosamente, que mais tarde veio dar lugar a uma bola gigante preta que se fundiu com uma luz muito brilhante, tipo eclipse. Acordei. Chamei a professora e contei-lhe o meu sonho na tentativa de ela clarificar a suposta mensagem. Qual não é o meu espanto quando a senhora, de olhos arregalados e com uma expressão de quem pressentiu a vinda do Apocalipse, agarra-me pelos braços e diz “Minha querida, você não está bem. Tem tendências auto-flageladoras”.
Isso tudo porque o meu algodão doce mudou de cor? Então, e se eu tivesse sonhado com chupa-chupas de anis que na altura existiam e que eram pretos?
Escusado será dizer que nunca mais lá pus os pés. E a ideia de cortar-me, não me fascina. Prefiro rever o filme “A Pianista”.

Hoje reformulei a minha atitude paciente para com um empregado de café que me serve, como sempre, com atitudes enjoadas e irritantes. Após a sua simpatia com que me habituou, achei que estava na altura de lhe agradecer tão afáveis comportamentos quando lhe dirijo as cordialidades básicas acompanhadas por um sorriso. Paguei os cafés com moedas de 5, 2 e 1 cêntimo. E antes que ele pudesse abrir a boca pela primeira vez, rematei “Ora aqui tem, moedinhas para os trocos. Está certo”.

2 comentários:

virgem disse...

sorte a do empregado a notável tweezers não ter feito uma refeição completa ;)

13 disse...

lol